O rio estava revolto e as ondas galgavam e molhavam as pessoas na berma, mas eu caminhava afastada e segura. Apesar disso, fui apanhada por uma gigantesca que me elevou no ar, a uma altitude exagerada. E deixou de existir água e eu tive aquele momento em que olhei para baixo e observei as pessoas minúsculas. E fiquei à espera de cair... Sempre sem medo.
Quando uma cliente do café que frequentas pela manhã perto de casa sabe o teu nome, ficas com uma sensação estranha, um misto de sentimento de invasão e proximidade afável. Principalmente quando não te lembras de alguma vez o ter dito. Fiquei a pensar... hummm Sempre fui uma pessoa que, sem deixar de ser educada, me preservei a conversas mais pessoais com as pessoas com que me cruzo na minha rua, no meu prédio. Aquela tomou-me de surpresa. Mas...
até gostei.
Nestes dias de individualismo e falta de contacto com as pessoas que nos rodeiam, soube-me bem nomearem-me, independentemente da cusquice que pode estar inerente.
Gosto quando as pessoas têm a descontracção de conversar com estranhos, ou pessoas com quem se cruzam habitualmente. Humaniza.
Há tempos fui abordada por uma senhora num café, por estar a ler Mia Couto, e acabou por ser uma conversa muito agradável. Pude constatar que estava perante uma pessoa de conversa interessante, e assim passei uns minutos enriquecedores. Tudo graças à sua espontaneidade.
Gosto disso. Gosto quando as pessoas não se comportam como ilhas. Gosto de pessoas que gostam de dialogar. Gosto de descobrir cumplicidades e olhares diferentes. E de ter a coragem de os procurar e descobrir.