Estive uma hora a ouvir uma senhora. Contava ela pedaços da sua vida. Com uma certa amargura porque, dizia, não ser feliz. E à laia de "abre-olhos" :
Nós pensamos que fazemos o correcto e quando vemos passamos pela vida e damos por nós infelizes.
Dois amores...
Saí duma, meti-me noutra...
Disse com desânimo.
E o que me ficou foi imagem de homens suportados numa mulher de força.
Aquela mulher sempre trabalhou, imagem que me transmitiu, com os filhos pela manhã a atravessar o rio para deixa-los com a avó para então ir trabalhar.
Naquele tempo não se tinha direito a licenças.
E dizia...
Ouvi dizer que os homens agora não são assim tão de ajudar como se fala.
E eu concordava.
Parece-me que os ambientes de trabalho agora são maus, os colegas prejudicam-se, se sais à hora és marcado...
E eu concordava que há sitios assim, a procura é muita, quando há dificuldades as pessoas tentam tudo para anular o próximo.
A conversa começou numa mesa num centro comercial.
E começou pelo inevitável, o custo de vida, a falta de qualidade de vida.
E eu ouvi atentamente o, quase que monólogo, porque me deu gosto ouvir, porque era vontade dela de falar, porque teve abertura para falar com uma pessoa com metade da idade dela, sem recear ser criticada, de não ser entendida. Entendi-a perfeitamente. Há coisas que não mudam.
E vi nela a força da mulher, a sua intemporalidade. Ela comentou que alguém lhe disse que devia ter nascido 20 anos mais tarde.
O que mudou 20 anos mais tarde?
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